Memória Judaica

Todos nós temos o dever de praticar atos completamente interiores, como LEMBRAR e PRESTAR ATENÇÃO, para trazer à memória, recordar uma ideia, uma pessoa, ou de um fato que a memória conserva. Para tais atos morais são lembranças, da qual se refere claramente a fala. Palavras audíveis são mencionadas celebrando a história, os feitos, as provações e com elas as quedas, que tem a capacidade para novamente animar, tomar coragem, ficar de pé e continuar.

Estamos nos referindo ao ato mental da memória, que também quando há perda desta, ou da lembrança de um grupo expressa a sua destruição total. Mas, ao contrário, quando prestamos atenção, descreve bem a busca incansável pela permanência; não um simples memorial, que como tal pode ser um registro histórico ou uma lembrança física que faz recordar um povo. Prestar atenção resultará em ação, que pode significar a comemoração de uma festa, que poderá ser uma cerimônia audível demonstrando respeito filial.

Para tais ações mentais, quando acompanhadas de atos exteriores apropriados é mais fácil confirmar nosso compromisso com a memória para preservá-la. A relação entre LEMBRANÇA e AÇÃO concomitante é tão íntima que devem estar claramente identificadas pela nossa mente.

Sendo assim, AÇÃO pode ser a forma de pedir com insistência uma coisa devida e justa, para que o caso possa ser publicamente julgado. O sentido fundamental é o curvar a nuca, numa atitude de consentimento, de abandono e afeto sem favor do outro. Em seu sentido forte é um cognato de amor, cuja INCLUSÃO se torna uma realidade.

A palavra memória denota significado de conservação de uma lembrança. É a capacidade humana para reter e guardar o tempo que se foi, salvando-o da perda total.

O prefácio do livro A Capitania do Espírito Santo e seus Engenhos de Açúcar (1535-1700) do jornalista José Gonçalves Salvador, narra sua busca incansável por memória judaica, que ele se permitiu escrever a respeito dos chamados cristãos-novos em nosso país durante os primeiros séculos da colonização. Por cristãos-novos são designados os judeus ibéricos desde o batismo forçado ao tempo do Rei D. Manoel de Portugal, conhecidos também por sefarditas, ou sefaradim para distingui-los dos ashkenazim, hebreus de outras nações.

José Gonçalves Salvador dá maior atenção e consideração a dois assuntos em seu livro sobre A Capitania do Espírito Santo, porque o assunto é mal conhecido até agora. O primeiro assunto refere-se à presença dos cristãos-novos na vida da Capitania. O segundo nos revela a importância dos antigos engenhos de fazer açúcares em sua economia.

O período em estudo José Gonçalves Salvador abrange, por justas razões, o espaço compreendido desde 1534, quando se estabeleceu o regime das capitanias Hereditárias, até cerca 1700, quando a fase do ouro em Minas Gerais entra em seu apogeu e se operaram grandes transformações no país e no exterior. O açúcar, que constituía a base econômica das finanças do Império, cede lugar agora ao ouro (séc. XVIII).

A mineração imprime novos moldes à vida no mundo português. Esta obra é até certo ponto um prolongamento das que escrevemos anteriormente sobre o tema dos cristãos-novos no Brasil, diz José Gonçalves a saber: cristãos-novos, jesuítas e inquisição; os cristãos-novos: povoamento e conquista do solo brasileiro: os cristãos-novos; e o comércio no Atlântico Meridional; os magnatas do tráfico negreiro; os cristãos-novos e o ouro de Minas Gerais.

Não há em nós, nenhum outro sentimento a não ser o amor, que pode trazer as verdades à luz, sobre a contribuição que nossos pais deram ao estado do Espírito Santo e ao país, em sua mais tenra idade. Não basta apenas as lembranças se manterem nas recordações, nos registros. Devemos PRESTAR ATENÇÃO, que a memória precisa deixar de ser abstrata e se tornar AÇÃO como se deu (Ester 6:1) O livro dos feitos Memoriais. Quando o Rei Assuero se deu conta, que o seu reino havia recebido um grande benefício por meio do judeu Mordecai; ele imediatamente alvitra em favor dos judeus, e propõe INCLUIR os hebreus como propriedade de um conjunto, cujos elementos fazem parte de um povo.

Este é o termo que designa a porção memorial que buscamos, INCLUSÃO. É como uma oferta de grãos apenas, chamada no hebraico de minchá, que é a oferta queimada destinada ao Eterno. Seu significado é como memorial ou lembrança. Em particular se refere ao pão comido pelos sacerdotes e por todos nós.